Uma operação realizada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (26), em Ilhéus revelou a hipocrisia no comando Baiano do Partido Social Democrático (PSD).
O posicionamento oficial da sigla foi sobre os escândalos revelados pela operação Barganha, que investiga supostos crimes de corrupção, desvio de recursos, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha envolvendo o Prefeito de Ilhéus, Mário Alexandre, e seu ex-secretário e agora candidato à prefeitura da cidade, Bento Lima, ambos do PSD.
No comunicado oficial, o partido disse que iniciará uma investigação interna para apurar o caso, concederá ampla defesa aos investigados e recomenda que por conta das evidências, Bento Lima retire a sua candidatura à prefeitura local. Ainda segundo a nota nas redes sociais do partido, “tal orientação está alinhada com os princípios de ética e transparência que o partido defende, tanto na Bahia quanto em âmbito nacional, visando preservar a integridade e os valores do PSD”.
A hipocrisia do partido fica escancarada, quando não muito longe, em Porto Seguro e Eunápolis, dois candidatos estão concorrendo nas eleições municipais, mesmo após diversos escândalos de corrupção já comprovados na justiça com condenações vigentes.
No primeiro caso, a candidata em questão é a ex-prefeita de Porto Seguro e atual Deputada Estadual Cláudia Oliveira, também do PSD, que foi condenada este ano a mais de oito anos de prisão por desvio de recursos públicos do Fundeb e FNDE, nos anos de 2017 e 2018, com o objetivo de contratação direta sem necessidade de licitação de um escritório de advocacia para prestação de serviços junto à Secretaria de Educação.
O segundo caso é de seu marido, Robério Oliveira, que já exerceu o cargo de prefeito de Eunápolis por três mandatos, mas foi condenado em 2011 por improbidade administrativa. De acordo com a Justiça, o ex-prefeito teria utilizado recursos públicos para abastecer um trio elétrico de sua propriedade durante seu governo.
Além desses imbróglios, Robério Oliveira e sua esposa Cláudia Oliveira, ainda protagonizaram a “operação fraternos” deflagrada pelo MPF e PF em 2016, que revelaram um esquema de corrupção, denominado pela PF como “Ciranda da Propina”, que teria movimentado 240 milhões de reais em contratos, com pagamentos de propinas, asfixiando os cofres dos municípios de Eunápolis, Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, onde seu cunhado, Agnelo Santos, ainda é prefeito.
Diante de todos os casos, qual o motivo do PSD recomendar a desistência de Bento Lima em Ilhéus, que ainda está sendo investigado, e apoiar as candidaturas de Cláudia e Robério em Porto e Eunápolis, que já foram presos e condenados?
Para o PSD na Bahia, candidatos condenados a devolver dinheiro público não ferem os princípios de ética da sigla?
- Enfim, a hipocrisia!
