Sabe-se que a pesquisa eleitoral não aponta como certo o vencedor de uma eleição, apenas indica a intenção de votos do eleitorado aos candidatos.
A certeza da pretensão de votos é mitigada na própria pesquisa, quando informa que há margem de erro, podendo variar dois pontos percentuais, a maior ou a menor, do resultado indicado na consulta pública realizada.
Logo, o equívoco da pesquisa eleitoral já está parametrizado pelas próprias balizes da técnica utilizada pelo instituto de observação.
Fato é que vivenciamos nas últimas eleições e, principalmente, neste primeiro turno, entre os principais candidatos à presidência da república, um erro abissal entre a intenção de votos apontada nas pesquisas e o efetivo resultado das eleições.
Não restam dúvidas de que o resultado e a divulgação das pesquisas influenciam os eleitores, privilegiando aqueles candidatos que ostentam melhor posição no ranking das perquirições eleitorais, notadamente quando há uma diferença considerável entre o primeiro e o segundo colocado.
Da mesma sorte, alguns políticos, para prestarem seu apoio a determinado candidato podem se basear na aceitação deste em sua região.
Há muito, os institutos de pesquisas eleitorais já vinham sofrendo uma crise de credibilidade perante a parcela social mais esclarecida (aqueles que acompanham as pesquisas e as confrontam com o resultado efetivo dos votos).
Agora, ao que tudo indica, dado ao drástico erro ou equívoco das pesquisas de intenção de votos quando confrontadas com os resultados das votações dos candidatos à presidência da república, “uma pá de cal” caiu sobre a fiabilidade destas.
Dois institutos de pesquisas, Datafolha e Genial/Quaest, na véspera das eleições apontavam, respectivamente, que o candidato Bolsonaro teria 36% e 38% de votos, isto, frisa-se, logo antes das votações, quando na realidade, o Presidente obteve 43% dos votos válidos, saindo vencedor em vários estados da federação, na contramão do apurado pelos aludidos institutos.
Destaca-se que não houve nenhum fato ou motivo superveniente que desse causa à discrepância citada.
E o equívoco, se assim pode ser chamado, não ocorreu apenas nas intenções de votos entre os candidatos à presidência da república, mas também no âmbito da concorrência estadual.
No estado do Rio de Janeiro, o candidato Cláudio Castro sagrou-se vencedor, ganhando as eleições no primeiro turno, diferente do que apontavam as pesquisas eleitorais.
Em São Paulo, as perquirições se equivocaram, no mesmo diapasão, quanto aos cargos de Governador e Senador.
Não estou afirmando que houve má-fé dos institutos de pesquisas, mesmo porque não tenho conhecimento e provas para tal alegação, o que seria leviano, mas que a metodologia aplicada está totalmente equivocada não restam dúvidas, provado pelas distorções ocorridas entre os números apontados nas intenções de votos e o resultado das eleições.
Os erros verificados nas pesquisas eleitorais foram de tamanha envergadura que o Senador Marcos do Val apresentou requerimento para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquéritos (CPI) para investigar as expressivas discrepâncias entre o apurado nas investigações eletivas e os resultados das votações nas urnas.
O Senador Carlos Portinho afirmou, em sessão no Senado, que “a forma de manipulação da população é, no caso das eleições, através dessas pesquisas, que induziram fora do momento o voto útil num candidato”.
De fato, estreme de dúvidas que pesquisas tão distorcidas e afastadas da realidade, como verificado nesta e em outras eleições, com risco de influenciar alguns eleitores, equiparam-se a uma notícia falsa, uma verdadeira Fake News, tão combatida pelo nosso egrégio Tribunal Superior Eleitoral.
A meu ver, até que se examine o que de fato ocorreu para causar a desmedida disformidade da realidade, em prol da Democracia, da lisura do pleito eleitoral e do combate à Fake News, deveria o cioso Tribunal Superior Eleitoral suspender todas as pesquisas de intenções de votos a serem realizadas.
Se pretendemos eleições limpas, sem a propagação de Fake News que possam vir a manipular a pretensão do eleitor, deve-se suspender as pesquisas eleitorais, já que, comprovadamente, não retratam a realidade, sendo repetidas em todas as mídias sociais e jornalísticas, exercendo verdadeira influência sobre o eleitorado.